No último dia 25 de maio, sábado, ocorreu em São Pedro da Aldeia/RJ a 2º etapa do Rally Carioca de Regularidade. Este município da região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, rico em referências históricas e culturais foi escolhido pela equipe da TROVÃO VERDE para ser o pano de fundo de uma importante etapa do campeonato carioca e superar os problemas da etapa anterior, que ocorreu em Silva Jardim/RJ, aonde uma tempestade impossibilitou a continuação da segunda parte da prova, ao ponto da organização necessitar acionar seus recursos de resgate para retirar alguns competidores que ficaram atolados dentro do espaço chamado simplesmente de “canavial”. Apesar do clima favorável com temperatura agradável e um piso propício para a prática do rally (úmido, sem excessos, não causando extensos lamaçais e tão pouco uma quantidade exagerada de poeira), um certo receio se abateu por conta de uma possível virada no clima, preocupação que depois se mostrou desnecessária, já que o tempo se manteve nas mesmas condições ao longo do evento. Em uma secretaria ágil com disponibilidade do kit de adesivos, camisas e fichas de inscrição sem demora ou burocracia o evento começou muito bem, dentro do esperado apesar de uma novidade implementada pela FAERJ, novidade porque não se viu dessa forma em outras etapas, uma vistoria de veículos que contemplava inclusive itens mecânicos verificados pelo DETRAN em sua vistoria e também verificação dos documentos dos carros. Mesmo assim, não ocorreu demora, tudo funcionou muito bem e todos tiveram folga para se prepararem antes do Briefing.
Tudo perfeito, exceto muito peso…
Realizar um evento no pais não é algo fácil, principalmente se essa missão tem como regra seguir estritamente todas as obrigações legais, isso posto, em diferentes categorias sejam elas das mais básicas até mesmo as consideradas mais “elite”, sempre é fácil começar alguma empreitada mas muito duro ou raro manter a mesma, pois a cada dia que passa, mais restrições, dificuldades e “invenções” ocorrem principalmente no estado do Rio de Janeiro, como se pode acompanhar nas notícias do dia a dia em todas as áreas (Esporte, Economia, Cultura e etc). Definitivamente o clima exterior de Eduardo da Hora a frente da organização, com a TROVÃO VERDE responsável pelo Rally Carioca desde 2017, estava pesado, apesar de sua cordial receptividade ficava evidente sua preocupação em entregar um evento de qualidade e não era para menos. Ao longo do campeonato uma rotina de adiamentos e mesmo mudança de localidades devido a problemas com prefeituras, desacordos com proprietários de localidades, impossibilidades financeiras e toda sorte de problemas além da necessidade de cumprir regras e lidar com o prazo demandado pela FAERJ/CBA e órgãos de proteção ambiental, enfim, diante de diversas necessidades, a TROVÃO VERDE se mostrou incapaz de manter com precisão absoluta tanto seu calendário como as localidades das provas, com isso, o desgaste das equipes competidoras e colaboradores entre outros, também contribuiu para problemas com outros campeonatos estaduais que conseguiram manter suas agendas. Independente dos motivos uma coisa se mostrou certa, entre cancelar o evento ou mudar a data e até mesmo o local, a TROVÃO VERDE sempre seguiu pelo segundo caminho. Desde 2017 vem “desmontando” alguns dogmas iniciais como realizar etapas com diferenciais de terreno ou horário (areia, lama, prova noturna e etc) em busca de viabilizar a cada ano o campeonato.
…Para pouco ombro.
A impressão que se tem de todo o campeonato carioca é que a pressão repousa somente nos ombros de Eduardo da Hora, nem mesmo reconhecer a TROVÃO VERDE como real responsável pelo evento se faz possível. Qualquer solicitação, dúvida ou sugestão recai em decisão e interpretação do organizador que declaradamente é a TROVÃO VERDE, entretanto… Problemas com planilhas? Eduardo da Hora. Problemas com horário? Eduardo da Hora. Dúvidas sobre a cronometragem? Eduardo da Hora. Isso é uma constante que vem se sustentando desde 2017. Nesta prova, ocorreram problemas de adiamento e mudança de local, documentalmente fica claro e provado que o levantamento da prova foi realizado com uma antecedência limite para quem busca precisão em um evento offroad, um pouco mais adiantada se mostraria não efetiva em um ambiente offroad, já que com uma rápida chuva tudo pode mudar. Ao longo da semana anterior, diversos vídeos, informes e convites do organizador brotaram em páginas do FB, interações no Instagram entre outros e até mesmo o relato de fortes chuvas a ponto de fazer o carro de levantamento, já fora do percurso se ausentando ao fim do trabalho, boiar em um grande alagado. Mais pressão, mais preocupação para Eduardo da Hora.
Um Canavial de problemas.
Agrisa/Polimix, uma grande plantação de cana de perder-se de vista que se tornou inviável na primeira etapa do ano, cancelada devido às fortes chuvas. Ambas as etapas foram realizadas na Região dos Lagos – RJ e com um bom deslocamento a organização decidiu tentar novamente o “canavial” aparentemente por julgar ser um grande trunfo (inclusive divulgado em seus folders), com médias altas e fortes desafios em um “canavial de balaios” sem trocadilhos. Outros estados se orgulham e possuem locais em seus campeonatos já conhecidos por seus nomes, repetir esses locais não garante vantagem a quem participou em outras provas simplesmente porque o cenário é o mesmo mas o traçado sempre muda, assim como médias e características diversas, entretanto, o fascínio de superar o ambiente ou manter sua vantagem a cada prova explica um pouco do sucesso, apesar de amados por uns e odiados por outros. Não se sabe ao certo se a intenção foi essa, ou apenas trazer um diferencial com uma pegada “labirinto” ao campeonato, mas a decisão foi feita e a organização sabia de alguns sérios problemas que poderiam ocorrer. Prova disso foi a instrução de que os competidores deveriam baixar mapas off-line em softwares de sua preferência para caso se perdessem conseguissem sair por meios próprios do canavial.
Em caso de falha em seguir a planilha, o competidor poderia se encontrar em qualquer parte do enorme canavial, o que faria seu resgate ser muito demorado, não sendo exagero de que trafegar por ele, sem nenhuma orientação, poderia resultar em horas intermináveis até conseguir acesso a alguma estrada ou mesmo rua secundária. Sinal de internet para mapas Online? Nem pensar. Mais um problema que foi considerado pela organização, também por conclusão das instruções foi a preocupação com colisões, pois a cada conversão ou cruzamento a média subitamente diminuía para que a mesma fosse realizada com maior segurança, logicamente dentro do canavial um pequeno detalhe invalidou completamente esse gatilho de segurança, o atraso. Com diversos competidores atrasados ao longo da prova, tempos de 2 a 3 minutos de atraso não se mostravam raros e isso propagado ao número de competidores e perdas completas de referência por parte de alguns desenhava um cenário de incerteza quanto aos sentidos dos carros e as velocidades (apesar de radar) em busca de acertar o tempo. Além do fato da cana criar uma barreira a visão que impede ver o que vem do outro lado, médias altas, uma chance pequena de se perder já que você não tem como entrar pelo meio da cana perdido não podemos esquecer do terreno o qual em alguns pontos verdadeiros atoleiros se formaram e de fato alguns competidores apresentaram dificuldades e outros até mesmo atolaram.
O “amargor” da garapa.
Garapa é o líquido extraído da cana-de-açúcar no processo de moagem, normalmente o “caldo de cana” é doce mas o que se sentiu após a primeira parte da prova, já dentro do canavial, foi um amargo regresso para as lembranças da primeira etapa. Um grupo de competidores se reuniu em um NEUTRO e praticamente, sem saberem o que fazer ou como agir, criou um verdadeiro engarrafamento no canavial, tornando impossível prosseguir diante de tantos questionamentos e incertezas. Alguns tentavam prosseguir, mas o anúncio de que Eduardo da Hora estava chegando para definir o que seria feito, amornava o ímpeto de quem queria prosseguir com a prova. O esforço seria recompensado? A etapa cancelada? E o risco de colisão, desgaste desnecessário por nada? Será que uma nova largada seria dada? Um Neutro maior? Qual foi o erro? O erro em quilômetros e quilômetros de prova se resumiu a 100 metros. Uma referência tinha sido adiantada em 100 metros, bastavam 100 metros para frente e tudo funcionaria perfeitamente, só que não ocorreu. Com a chegada de Eduardo da Hora foi decidido levar a todos para um novo ponto de largada, mas alguns já tinham partido e ninguém sabia aonde estavam, ao longo do tempo de deslocamento para a nova partida alguns ainda se perderam do comboio, foi quando veio a decisão… A prova foi cancelada, dentro do regulamento e somente com os PCS considerados de acordo com a decisão com endosso e aprovação da FAERJ, logicamente que muita discussão se tornou parte integrante do resultado que também por simples associação, atrasou. Alguns concordaram, outros discordaram completamente e muitos lamentaram mais uma prova, depois de toda a expectativa realizada pela metade. Não é de todo supersticioso o conselho de assim como provas temáticas, se manter longe de temas como canaviais, plantações diversas e afins, porque certamente se existem deuses do Rally de Regularidade eles não estão satisfeitos com esse destino ao menos, para o Rio de Janeiro.
Conclusão.
Uma prova bem desenhada com início, meio e fim que, infelizmente por “falta de tinta”, veio a se somar a frustração da primeira prova do campeonato carioca deste ano de 2019. Em uma cerimônia de premiação, novamente atrasada pela demora nos resultados, não planejada para ocorrer já com ausência de sol, competidores honrosamente se perfilavam a luz dos faróis de led do carro da organização e festejaram seus troféus apesar de todos os problemas, aplaudidos por quem ainda resistia bravamente ao frio que se abateu sobre a região com o cair da noite. Agora é hora de fazer conta, verificar as posições no campeonato e aguardar a confirmação de data e local da próxima etapa. Unanimidade é algo raro, mas diante do fato de que todos concordam que duas etapas consecutivas realizadas pela metade não é algo a ser “cultuado”. Seria recomendável que a próxima fosse um “recomeço”, um tratado, contrato, compromisso com a simplicidade, aonde nenhum tema seria abordado e nenhuma competição realizada fora do universo formado pelas tulipas e seus competidores. Hoje o único concorrente do Campeonato Carioca de Rally de Regularidade é ele mesmo e isso já se basta, pois o fardo a cada etapa se torna mais e mais pesado, arqueando os ombros de quem desde 2017 vem lutando praticamente sozinho, seja lá por qual motivo seja, para manter o estado no mapa do automobilismo offroad de regularidade.
RESULTADOS
CATEGORIA GRADUADO
1º Marcus Castelan / Roberta Castelan
2º Paulo Cesar Guerra / Claudio Leandro Nicolau
CATEGORIA TURISMO
1º Wilker Marcolongo Vieira / Vitor Seleiro Wendling Duarte
2º Arthur Salomão / Aurélio Davi
3º Reinaldo Garcia Cardoso / Cesar Romero Figueiredo
4º Marcus Sena Casagrande / Caroline Pelagio Raick Maues
5º Marcelo Soares Fusco / Bruno Neto da Costa
CATEGORIA TURISMO LIGHT
1º Maercio Fernandes Raposo / Eduardo da Silva Monteiro
2º Eric Cavalcanti Sousa Guedes / Gabriel Omar Petruccelli
3º Evaldo Tavares Nespoli / Livia Tavares Valente
4º Rodrigo Otávio Caetano de Souza / Lia Cristina Lima de Souza
5º Lásaro Faciroli da Cruz / Matheus Henrique Sousa Alves
CATEGORIA NOVATO
1º Alan Medeiros Pessoa / Agatha Ribeiro André
2º Carlos Roberto Thurler / Gisele Gomes Berruezo
2º Paulo Roberto Oliveira de Sá / Thiago Saide Martins Merhy
2º Berlim de Paula Júnior / Thiago Faria Vieira
2º Carlos Augusto Barcellos Veloso / Victor Pinto Canellas